Campeonato Pernambucano foi 'laboratório' de treinadores A lista de treinadores que passaram pelo Estadual conta com Alemão, ex-Seleção Brasileira, Mirandinha, ex-Corinthians e Waldemar Lemos
Xingados pela torcida e muitas vezes confrontados pelos próprios jogadores ou dirigentes, os técnicos de futebol são os primeiros a perder o emprego quando as táticas desenhadas em sua prancheta não se transformam em pontos na tabela de classificação, gols ou títulos. O Campeonato Pernambucano não foi exceção à regra e abreviou o trabalho de diversos treinadores. Dos 12 times inscritos no torneio, sete mudaram de comando – alguns, inclusive, mais de uma vez.
Entre os treinadores que passaram por Pernambuco em 2012, há desde os que estavam dando os primeiros passos no comando técnico de um time, passando pelos mais experientes, até ex-jogadores de futebol conhecidos no cenário nacional que resolveram tentar a sorte à beira do gramado. Alemão, ex-volante da Seleção Brasileira, e Mirandinha, que fez sucesso como atleta do Corinthians, dirigiram o Central e o Araripina, respectivamente, mas fracassaram.
Alemão chegou a Pernambuco com a bagagem de ter defendido a Seleção Brasileira nas décadas de 80 e 90, mas sem muita experiência como treinador. Antes do Central, o ex-jogador de times como Botafogo, Napoli, Atlético de Madrid e São Paulo, só havia comandado Tupynambás-MG, Iguaçu-PR, Nacional-AM e América-MG.
A estreia de Alemão até que foi positiva com a vitória do Central por 3 a 1 sobre o CSA-AL durante amistoso na pré-temporada. Empolgado com sua primeira participação em um clube do Nordeste, o ex-volante declarou que "pensava em ir longe e que em um ano e meio de trabalho levaria o time à Série B". No entanto, o técnico não chegou nem à décima rodada do Pernambucano e foi substituído pelo auxilar técnico Júnior Caruaru. Esse, por sua vez, deu lugar a Celso Teixeira, que foi demitido após cinco jogos.O time terminou o campeonato com o preparador físico Sérgio Leonardo no comando.
Outro ex-jogador que se aventurou no comando técnico de uma equipe pernambucana foi Mirandinha. Ex-jogador do Corinthians, clube no qual fez mais sucesso na carreira, ele chegou a Pernambuco em 2011 para dirigir o Araripina, time do Sertão. No ano passado, o treinador conseguiu livrar o Bode do rebaixamento do Estadual e projetava uma excelente campanha como forma de dar impulso à carreira de técnico.
O sonho de Mirandinha era bem claro. Fã de Vanderlei Luxemburgo, ele desejava o sucesso em Pernambuco para abrir caminho entre os grandes clubes de futebol e um dia voltar ao Timão como técnico. A carreira, pelo menos no torneio nordestino, foi abreviada com a derrota do Araripina para o Belo Jardim por 1 a 0. Para seu lugar foi contratado Adelmo Soares.
Waldemar não conseguiu repetir passos do irmão
Sem contar com um passado glorioso como jogador de futebol, o carioca Waldemar Lemos desembarcou no Recife tendo no currículo uma passagem pelo Flamengo e pelo próprio Náutico, clube no qual esteve à frente durante 63 jogos desde abril de 2011. A demissão do treinador ocorreu após a derrota do Timbu para o Serra Talhada nos Aflitos no dia 7 de abril, do aniversário do clube. Na hora de justificar a dispensa de Lemos, o presidente do Náutico disse que era mais fácil demitir o técnico do todo o elenco.
VEJA COMO FOI A DANÇA DOS TÉCNICOS DO PERNAMBUCANO
Náutico Waldemar Lemos e Alexandre Gallo
Belo Jardim Gilvanildo Sales e Leivinha
Central Alemão, Júnior Caruaru e Celso Teixeira e Sérgio Leonardo
Araripina Mirandinha, Reginaldo Sousa e Adelmo Soares
América Paulo Júnior e Charles Muniz
Porto Laelson Lima, Janduir e Adelmo Soares
Ypiranga Dado Cavalcanti, Reginaldo Sousa, Jacó e Edson Miolo
Serra Talhada Reginaldo Sousa e Reginaldo Bagé
Waldemar Lemos teve menos sorte do que o seu irmão Oswaldo Oliveira, atual técnico do Botafogo. Apesar de disputar o último jogo da final do Campeonato Carioca em desvantagem neste domingo, pois o Fogão perdeu a primeira partida decisiva para o Fluminense por 4 a 1, Oliveira pelo menos terá a chance de tentar ganhar o título. Já Lemos foi demitido mesmo depois de ter conseguido manter o Náutico no G-4 do Pernambuco ao longo das 22 rodadas da fase classificatória. O detalhe é que poucos dias antes da demissão a diretoria alvirrubra havia assegurado a permanência de Waldemar.
Os dirigentes do Náutico levaram em consideração mais o resultado adverso no aniversário do clube do que o fato de que Waldemar Lemos foi o responsável por levar o Timbu de volta à elite do futebol na condição de vice-campeão da Série B 2011 e de forma invicta nos Aflitos. A dispensa do treinador ocorreu mesmo após ele ter cumprido uma de suas promessas em 2012: garantir a equipe entre as quatro que teriam direito a jogar a fase final do torneio. Em seu lugar, entrou o técnico Alexandre Gallo, que comandou o time nas semifinais contra o Sport, fase vencida pelo Leão.
Primeiro técnico cai com quatro rodadas
De maio de 2011, quando foi contratado, a abril deste ano, Waldemar Lemos esteve em campo em 63 jogos e contabilizou 28 vitórias, 19 empates e 17 derrotas. Já outros treinadores não tiveram mais do que quatro partidas para mostrar seu trabalho. Esse foi o caso de Givanildo Sales, primeiro técnico do Pernambucano a ser dispensado. A demissão veio logo após a quarta rodada na qual o time perdeu do Sport por 3 a 0.
Após demitir Givanildo Sales, o Belo Jardim contratou Leivinha, técnico responsável por tirar o time da zona de rebaixamento. Houve, no entanto, quem promovesse um rodízio de treinadores na tentativa de melhorar o desempenho no Pernambucano. O Porto começou o torneio com Laelson Lima, passou para Janduir e terminou a competição com Adelmo Soares.
O Ypiranga também diversificou o comando do time. No início do Pernambucano, a Máquina de Costura tinha Dado Cavalcanti como técnico. Ele foi demitido e deu lugar a Reginaldo Sousa que, por sua vez, abrir espaço para o preparador físico Jacó. No fim das contas, Edson Miolo assumiu o time e garantiu o sexto lugar no campeonato e uma vaga na Série D deste ano.
Por Franco Benites
Recife