O BRASIL DE DILMA E O BRASIL DE COLLOR NA COLUNA DESTA TERÇA-FEIRA.

O agravamento da atual crise a qual o país está passando e que os meios de comunicação reproduzem como sendo uma crise de ordem econômica, política, ética e social, nos fazem refletir sobre o teor político, pois uma coisa é diretamente ligada à outra. Pelo atual quadro político, pela conjuntura, os acordos e desacordos envolvendo o Congresso Nacional e o Governo Federal, é sabido que a Presidente Dilma está num alto índice de impopularidade dando ênfase ao discurso da oposição sobre um eventual pedido de impeachment devido a falta de sustentação que o Governo vem passando, e que compromete a governabilidade. Faz-se necessário fazermos algumas considerações e talvez comparações sobre o Governo Collor de Mello, que viveu semelhantemente uma grave crise econômica na época. Fernando Collor de Mello foi o primeiro Presidente eleito após a redemocratização, numa época em que o país estava ressurgindo do passado obscuro da opressão, seu governo, assim como a gestão atual, foi marcado por escândalos de corrupção, por medidas impopulares na economia para tentar inibir a inflação e estabilizar a moeda até então fragilizada. Naquela época, vale ressaltar que algumas instituições da sociedade civil apoiaram as investigações sobre denúncias de corrupção e posteriormente o pedido de impeachment que obteve o clamor popular nas ruas, através dos jovens, a OAB, a CNBB , CUT, Movimentos Estudantis, etc. Em termos de comparações, não existia a internet, nem as redes sociais, os meios de comunicação eram em sua maioria limitados e a economia teve forte influência na reprovação do Governo perante as camadas sociais. Collor tinham minoria no Congresso Nacional, o que certamente foi decisivo para que as forças oposicionistas dessem a partida para as investigações e posteriormente o afastamento. A atual situação é mais complexa e requer uma análise mais responsável. Primeiro porque conseguimos consolidar a democracia em sua plenitude após duas ditaduras vividas no Brasil; segundo, a universalização dos meios de comunicação deram às pessoas o sentimento de liberdade de ouvir e questionar suas condições, ideologias, crenças e opiniões diversas.
E hoje vemos uma Presidente encurralada, inclusive pelo seu partido, e por um Congresso Nacional subdividido entre seus pares e que mal conseguem produzir e atender os anseios da população. As denúncias de corrupção são notícias corriqueiras e levando em consideração com a época de Collor, vemos hoje que a corrupção está institucionalizada e faz parte da brasilidade deste país. Pessoalmente ainda não tenho uma posição concreta sobre um possível impeachment desse Governo, não podemos ser aderentes do pensamento do "quanto pior melhor", pois se os resultados forem mais sérios, seremos igualmente responsáveis na condição de coautores e vítimas das nossas imprecisões ideológicas. Mas também sou coerente em afirmar que a cada dia o brasileiro vem perdendo as esperanças de que esse Governo tem solução. A grande verdade e que muitos não sabem, é que Collor não teve Impeachment, ele renunciou ao cargo, sendo portanto uma impropriedade falar no afastamento quando a renúncia foi precedente. Dilma não renunciará como já declarou, tampouco sabemos se o Impeachment será eficaz, e sabemos que estamos à beira de uma " guerra civil ", de um caos sem precedentes, onde os serviços públicos são cada vez mais ineficientes, o Estado é inoperante, o país está dividido entre um passado sujo e um presente poluído e maquiado de " marolinhas ". E nós ficaremos nesse " barco furado" à deriva, sem bússola nem vela e longe da terra firme.
(POR FILIPE LUCENA)