Ex-Flamengo, Marcelinho PB e Dênis Marques são os reis de Pernambuco Jogadores jogarão final do Campeonato Pernambucano neste domingo e estão na briga pela artilharia do torneio

Ex-jogadores do Flamengo, de origem nordestina, com carreiras recheadas de polêmicas e acima da casa dos 30 anos de idade. Esses são os fatores em comum do atacante Dênis Marques, do Santa Cruz, e do meia Marcelinho Paraíba, do Sport. Quis o destino que os dois atletas se encontrassem em Pernambuco e chegassem à final do Estadual empatados na briga pela artilharia do torneio com 14 gols cada um. Outro fator que aproxima Dênis Marques e Marcelinho Paraíba é o discurso para a torcida. Tanto o atacante tricolor quanto o goleador rubro-negro frisam, diante de câmeras e gravadores, que desejam o troféu de artilheiro, mas que abrem mão do posto para o rival se em contrapartida levarem a faixa de campeão estadual. Nas entrevistas, aliás, os atuais “reis da terra dos altos coqueiros” fazem questão de lembrar a temporada no Flamengo (veja nos vídeos desta reportagem). Apesar da passagem pelo rubro-negro carioca, pelo exterior e por clubes do Paraná (Marcelinho jogou no Coritiba e Dênis Marques no Atlético-PR), a origem desses dois atletas está pertinho de Pernambuco. O atacante tricolor nasceu em Maceió-AL, no estado vizinho ao que hoje o acolhe. A distância do Recife até a terra natal também não é das maiores para o meia do Leão, que nasceu em Campina Grande-PB. As similaridades, no entanto, terminam aí. Se conseguir marcar um gol na final deste domingo e ultrapassar o rival do Sport, Dênis Marques chegará à segunda artilharia na carreira. Em 2007, ele foi artilheiro da Copa do Brasil pelo Atlético-PR. Marcelinho Paraíba, por sua vez, nunca foi o maior goleador de nenhuma competição. A seu favor, porém, tem no currículo convocações pela Seleção Brasileira.

O ‘Predador do Arruda’ ganhou a torcida Enquanto Marcelinho Paraíba já é um velho conhecido dos pernambucanos, Dênis Marques vive sua primeira experiência no futebol do Estado. O jogador foi contratado este ano para reforçar o Santa Cruz na briga pelo bicampeonato e chegou ao Recife sob a desconfiança da torcida e da imprensa devido ao longo período afastado dos gramados – ele não jogava desde agosto de 2010. Sincero, reconhecendo, estar fora das condições físicas ideais, Dênis Marques fez seu primeiro jogo pelo Santa Cruz apenas na oitava rodada do Pernambucano. A demora em estrear colocou uma pulga atrás da orelha do torcedor tricolor, que já se lamentava pelas ruas do Recife, achando que o clube havia feito um mau negócio. Os três gols marcados contra o Porto, no dia da estreia, transformaram a desconfiança em juras de amor eterno. Hoje, a maior esperança da torcida do Santa Cruz é de que Dênis Marques siga no clube para a disputa da Série C. O carinho é retribuído pelo atacante. Por diversas vezes, ele destacou que voltou a encontrar o prazer de jogar futebol no tricolor pernambucano. Para sorte dos torcedores, a frase vai além da retórica. Fora de campo, o “Predador do Arruda”, como é chamado, mantém-se longe de polêmicas. Dentro dele, vai honrando cada centavo do seu contrato com gols que ajudaram a Cobra Coral a chegar à final.

Veterano e guerreiro Aos 36 anos, Marcelinho Paraíba já viveu dores e alegrias no Sport. Em maio de 2011, o meia-atacante estava em campo na final em que o Rubro-negro perdeu o título para o Santa Cruz. No fim do ano, o veterano jogador viveu a alegria da classificação do time para a Série A 2012. Criticado pela torcida ao longo de sua passagem pelo Sport, Marcelinho Paraíba hoje só não detém um maior status de ídolo no clube por conta de algumas polêmicas dentro e fora de campo. Este ano, o jogador foi punido por faltar a treinos, se indispôs com o treinador Mazola Júnior, foi pego em uma blitz da Lei Seca e foi acusado de estupro durante uma festa em sua residência em Campina Grande. As confusões extracampo, porém, ficam em segundo plano para a torcida quando o camisa 10 do Sport faz o que sabe de melhor e resolve jogar bola. Além dos 14 gols no Pernambucano, Marcelinho Paraíba teve atuações decisivas na maioria das partidas nas quais o Leão saiu vencedor. A participação efetiva é tamanha que se criou o termo “Marcelinho-dependência” na Ilha do Retiro. Quando o meio-campo vai bem, o time rende. Quando está mal, a equipe sente. Tira-teima no domingo A disputa entre Dênis Marques e Marcelinho Paraíba para ver quem coloca a faixa de campeão estadual no peito e leva o troféu de artilheiro terá o derradeiro capítulo neste domingo quando Sport e Santa Cruz entram em campo para jogar a final do Pernambucano. Pelo menos na briga pelo título do torneio, Marcelinho leva uma pequena vantagem sobre Dênis Marques. Isso porque basta um empate por 0 a 0 para que o Leão se consagre campeão. O tira-teima entre os dois goleadores terá início às 16h na Ilha do Retiro.

Por Franco Benites Recife