Quando despontou para o futebol, Ramón Osni Moreira Lage foi considerado como uma das principais revelações do futebol brasileiro, em 2005. Cria da base do Atlético-MG, o meia-atacante era tido como a maior esperança para que o Galo saísse de um longo período sem títulos. Dono de uma habilidade ímpar, não demorou muito para que o jogador passasse a aparecer nas categorias de base da Seleção Brasileira.
No entanto, o rebaixando do clube mineiro para Série B, também em 2005, fez com que a pressão sobre a jovem promessa se tornasse insuportável. Com os direitos federativos comprados por um grupo de investidores, o meia-atacante acabou sendo negociado com o Corinthians, mas a concorrência com grandes nomes como Roger, Tevez aliada às suspeitas de uma vida noturna agitada fizeram o atleta ser liberado pelo então treinador Émerson Leão. Com os direitos federativos ligados a MSI, o atleta acabou indo para o CSKA, mas também não obteve sucesso na Rússia.
Após quatro anos na Europa, Ramón voltou para o Brasil. Tentando recuperar o prestigio, deu preferencia ao Flamengo. Mas a fraca passagem pelo clube carioca e problemas com treinadores o levaram ao ostracismo. O Bahia completa a lista de clubes por onde atuou e não conseguiu ser o grande jogador que todos esperavam. A fama de problemas disciplinares fez o atleta optar por sair.
Agora, aos 23 anos, Ramón chega ao Náutico com um objetivo: mostrar que não desaprendeu a jogar futebol. Consciente que ainda não mostrou o que dele era esperado, o meio-campo busca recuperar a carreira. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM/PE o atleta falou sobre a trajetória no futebol e os motivos que o afastaram do caminho das vitórias.
Quando você iniciou sua carreira no Atlético-MG, todos lhe credenciavam como o novo ídolo do clube. Mas isso não se concretizou. O que ocorreu para você não se consolidar no clube?
- Cheguei muito novo ao Atlético-MG e subi para os profissionais com 16 anos. Na época, o Tite queria me utilizar e eu não iria reclamar. Porém, quando o clube caiu para a Série B, a pressão foi muito grande e o investidor que tinha adquirido meu passe preferiu me colocar no Corinthians. Não tivemos tempo de criar identidade com o clube.
Sua passagem pelo Corinthians não foi muito marcante. Você não repetiu as boas atuações que tinha no Atlético-MG e ganhou fama de baladeiro. O que atrapalhou sua passagem pelo Timão?
- No Corinthians eu tive uma boa participação, mas existiam muitos craques. Então, o treinador optou por outros jogador. Fiz quatro jogos, marquei um gol e tinha potencial. Não acredito que tenha sido atrapalhado por nada extra-campo, pois todo mundo tem o direito de ter uma vida normal. Um atleta também tem o direito de curtir.
O Flamengo foi outro clube onde você chegou como promessa mas não rendeu. O que deu errado no rubro-negro?
- No Flamengo fui atrapalhado pelos treinadores. Na minha passagem trabalhei com o Andrade e com Rogério Lourenço. Sempre tinha os melhores resultados nos treinos físicos e táticos, mas não sei responder o motivo pelo qual não era escalado. Até o Adriano chegou para me perguntar, pois sabia que eu estava muito bem.
Atlético-MG, Corinthians, Flamengo, Bahia, você teve diversas oportunidades de despontar como craque, mas isso não ocorreu. Os rumores de uma vida noturna agitada e a falta de maturidade atrapalharam sua carreira?
- Reconheço que, no começo da minha carreira, fiz muita coisa errada. Tinha algumas amizades que só queria se aproveitar do que eu tinha, mas não entendia. Então, perdi um pouco de espaço, mas sei do meu potencial.
Quero recomeçar minha carreira. Tenho apenas 23 a"
Ramón
Aos 23 anos você chega ao Náutico com uma bagagem que poucos jogadores possuem. No entanto, a torcida está desconfiada pelo seu passado. Para você, o que representa a chegada ao Náutico?
- Quero recomeçar minha carreira. Tenho apenas 23 anos e sei do meu potencial. Sei o que posso render dentro de campo e isso ninguém tirará de mim. Não importa o que passou, quero mirar o futuro e sei que tenho coisas boas pela frente.
De futuro astro do futebol a uma aposta, você ainda acredita que poderá chegar a despontar no futebol nacional?
- Como eu falei, não existe nada que faça não acreditar nisso. Tenho uma temporada aqui no Náutico e irei fazer uma grande temporada pelo clube, para mostrar o que posso render.
Em sua apresentação, o Náutico divulgou uma foto onde você aparentava estar extremamente fora de forma, a balança é um problema para você voltar aos gramados?
- Não estou tão fora de forma. Já perdi peso desde que cheguei ao Náutico e não demorará muito para entrar em forma. Acredito que em 15 dias estarei pronto para jogar.
A sua passagem pelo Náutico servirá para você voltar ao cenário nacional ou o Timbu será mais um clube onde você passará em branco?
- Estou vindo com muita vontade de me destacar aqui. Gostei da cidade e do clube, que vai atuar na Série A. Vou me esforçar ao máximo para mostrar meu valor.
Fonte: Globo Nordeste.