O mesmo que você!

A inexperiência dos experientes expõe a crueldade discursiva que estará em cartaz pelos próximos quatro anos na tribuna da casa que dizem ser do povo. 


Os primeiros debates do novo mandato do Poder Legislativo em Toritama não poderia ter um repertório diferente, haja visto que a grande maioria dos vereadores foram reeleitos, e os que entraram debutantes, parecem seguir nos mesmos modus operandi, como se ser ridículo fizesse parte do regimento interno da casa. 

A última consagrada discussão no plenário da Câmara, foi em torno ou pelo menos deveria ser, da aprovação de um projeto de lei, que visa ajustar os salários dos servidores da própria casa, mas como tudo por lá precisa sair do foco, a problemática viu-se estendida sobre insinuações de analfabetismo, pré-julgado e entendido pela maioria dos patrícios, como sendo um preconceito por parte da recém empossada em um cargo público, Carol Gonçalves. 

O Vereador Môrica tomou as dores da grande maioria, e usando um discurso Socrático, bem longe de ser seu perfil na casa, até mesmo o próprio se surpreendeu com sua desenvoltura para além da filosofia, repetiu copiosamente a frase do Filósofo Grego, Sócrates, para dizer que "quanto mais sabia, menos sabia", se referindo ao fato da parlamentar ter formação superior e os demais apenas o básico e a experiência de vida. 

A discussão se rastejou pelos intermináveis minutos em que a reunião se estendeu, e vários outros também puderam revelar suas frustrações com as declarações da líder do governo na Câmara, que até mesmo o Vereador explosivo Jeziel Antônio, que por hora ainda se mostra atormentado pela derrota na eleição da mesa diretora, ameaçou conversar com o chefe do executivo, para trocar a liderança da sua base, que segundo ele, mais divide do que une. 

Na busca por um renovo e melhoramento do comportamento do Poder Legislativo, a população foi poupada da transmissão da reunião via rádio, dos vários discursos acusatórios e cheios de indiretas que nada provam. A exemplo das frases trocadas pelos colegas de time, Môrica e Carol ambos do MDB, sobre quem recebeu o quê para escolher votar no presidente da Câmara. E a frase terminada em "o mesmo que você" interrompida pelo Vereador Derivaldo, deixa no ar a dúvida de que se existiu troca de interesses particulares na votação da mesa. Mas em nada isso vai dar, a julgar pelas acusações do passado, que o juiz da discussão de agora, o vereador Progressista, vai ficar apenas como sugestão de CPI, não é mesmo José? 

E a oposição, assim como a cobra do Jardim do Eden, inflama a divisão de uma aparentemente rachada situação, que caminha entre capítulos de ciúme e prepotência, dividida pelos antigos e experientes, que hoje estão se sentindo humilhados pela suposta acusação de analfabetismo. Teria acontecido algo de estranho na Casa João Manoel da Silva, que agora incomoda a inexperiência dos experientes, ou a jovem Carol está sendo mesmo arrogante ao ponto de arrotar inteligência como dizem os seus pares, ofuscados aos olhos do governo pela menina diplomada. 

Ah, e no plenário da casa, o retrato sempre sorridente de Romeu Simplício, segue com a feição de que se pudesse falar, diria, vamos rir, que é o que nos resta. 

Por Jessé Aciole