Mulheres que cumprem pena no regime aberto buscam o reconhecimento e retorno ao mercado de trabalho.

Assim como os homens, as mulheres reeducandas buscam no trabalho, em empresas da Região Metropolitana do Recife (RMR), uma forma de mudar de vida e superar o passado. Nas áreas de produção, embalagens, solda, estampa, cozinha, entre outras, elas vão cumprindo a pena no regime aberto e conquistando a confiança dos empregadores.
Na Indapol, uma equipe de 24 apenadas trabalha na produção e no acabamento de embalagens para doces, as conhecidas forminhas, que dão o colorido às mesas durante as festas. As mulheres produzem uma média de 350 forminhas por dia e 10.000 por mês. “A prática de contratação de reeducandos beneficia todos os atores envolvidos. O apenado, porque ganha uma nova perspectiva de vida e o contratante que é favorecido com a redução de encargos” explica o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.
Há três anos na empresa, Iara Pradines, 58, uma das mais antigas no local, gosta muito de trabalhar no setor de embalagem e diz está vivendo uma nova história. ”Não é fácil a reintegração à sociedade, mas a vida é sempre um recomeço e eu acredito que, primeiro temos que confiar em nós para depois passarmos essa confiança para os outros”, revela.
Pelos serviços na Indapol, as mulheres recebem um salário mínimo (R$ 998,00), alimentação e transporte. “Preferimos as reeducandas, pois nossas peças têm muitos detalhes de acabamento e elas realizam com paciência. O trabalho é tranquilo, inclusive fiz uma monografia de conclusão do curso de Administração sobre o assunto. É muito válida a absorção dessa mão de obra, recomendo”, explica Wagner Barros, proprietário da Indapol.
O toque feminino também é encontrado na Zummi Comércio e Indústria LTDA, fábrica de bicicletas, em Paulista. Dezessete mulheres atuam na produção e montagem das peças, solda, pintura e estamparia dos modelos carga, passeio e competição. Além disso, elas ajudam no refeitório da empresa.
As duas empresas fazem parte do grupo de 24 instituições, entre públicas e privadas, que mantém convênio de empregabilidade para homens e mulheres reeducandos com o Patronato Penitenciário, órgão ligado a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH).
De acordo com dados do órgão de execuções penais, 1.011 reeducandos estão em atividade, atualmente, na RMR e interior do estado. Os convênios são regidos pela Lei de Execuções Penais. Assim, o empregador fica isento de encargos trabalhistas, como FGTS, 13º salário e férias, o que representa uma redução de 40% na despesa com o trabalhador.
Da Assessoria.