PT mantém divisão em Pernambuco.

O Partido dos Trabalhadores vivenciou momentos muito positivos em Pernambuco, sobretudo no período em que chegou à prefeitura do Recife em 2000 e à presidência da República em 2002. Além de João Paulo que chegou a comandar a capital pernambucana, Humberto Costa ocupou o ministério da Saúde no primeiro governo Lula. Durante mais de uma década o partido comandou a capital pernambucana e por quatorze anos ocupou a presidência da República. Esses resultados positivos foram insuficientes para que o partido vivesse uma unidade de fato entre suas lideranças e em 2012, já com a então inédita vitória de Humberto Costa para o Senado, houve uma confusão sem precedentes que culminaria na saída do partido da prefeitura do Recife, entregando de bandeja o comando da capital pernambucana ao aliado histórico PSB.
Após seis anos distanciado do PSB, o Partido dos Trabalhadores ensaiou uma candidatura própria de Marília Arraes a governadora, inclusive chegou a perder João Paulo para o PCdoB devido o grau de incerteza que permeou o PT durante quase todo o ano de 2018. Na reta final das convenções, prevaleceu a retirada da candidatura de Marília Arraes ao governo e a retomada da aliança com o PSB. Candidato à reeleição, Humberto Costa foi o senador mais votado de Pernambuco na chapa de Paulo Câmara, que também foi reeleito. Marília, por sua vez, foi candidata a deputada federal e acabou sendo a segunda candidata mais votada da eleição e a única mulher eleita para a Câmara dos Deputados. A vitória de Humberto e Marília foi insuficiente para trazer a harmonia necessária ao partido. Humberto, naturalmente, pretende manter o PT na base de Paulo Câmara, inclusive ocupando cargos tanto na gestão estadual quanto na gestão de Geraldo Julio, enquanto Marília já deu evidências que manterá a posição de crítica ferrenha ao PSB.
Mais do que uma divergência de ideias, há um confronto de projetos. Marília saiu fortalecida para sonhar com a prefeitura do Recife em 2020 ou tentar disputar o Palácio do Campo das Princesas em 2022. Já Humberto Costa pretende se preservar de 2020 mas vislumbra disputar em 2022 a sucessão de Paulo Câmara, uma vez que estará no meio do seu mandato de senador e não arriscaria nada num voo pelo governo de Pernambuco, portanto, a divisão entre Marília e Humberto irá prevalecer pelos próximos anos, e com o cabo de guerra entre as duas principais lideranças do partido sendo mantido, o PT novamente terá dificuldades de sonhar com projetos maiores tanto na capital quanto no estado.
Por Edmar Lira.