O último comício; Sob chuva e comoção foi embora o Tampa de crush.

O dia começou sem fogos e sem girandolas, porque desta vez o comício era de adeus. Adeus a um dos nomes mais lembrandos da história política de Toritama, Narcizo Lima, que passou por todas os cargos eletivos possíveis, vereador, vice prefeito e prefeito.
Desta vez o ator principal não distribuiu nenhuma bandeira, a única da ocasião foi posta sobre seu corpo, que apesar de ter sido muitas vezes levado sobre ombros de fiéis eleitores, estes agora o carregariam sem muita euforia. Mas com muita tristeza por um dia terem celebrado juntos, as glórias políticas do passado.
A casa estava lotada, de familiares, amigos, cumpades e cumades, políticos, aqueles que foram aliados e também adversários. Autoridades e personalidades regionais, assim como a casa recebeu durante os seus mais de 50 anos de vida pública, sim, pois era do povo, a casa e seu dono.
E na frente dela assim como num diretório em dia de festa, as pessoas se conglomeraram afim de dar-lhe o último adeus. E como um comício elas aguardaram a saída que desta vez foi sem ânimo e sem barulho.
Antes da saída um de seus filhos ergueu uma bandeira com o número 17, uma relíquia guardada da campanha de 1982, onde na ocasião foi eleito prefeito de Toritama. Da terra mãe como tinha o costume de falar.
E sobre aplausos e lágrimas, o cortejo seguiu, com eleitores fiéis carregando as coroas de flores lembrando a época de bandeiras na mão. Sem contar que na passagem da alegoria fúnebre, as lágrimas de pessoas de sua época e de jovens que conheceram sua história derramaram dando o último adeus ao cumpade Dido.
Desta forma, sobe um dia chuvoso e frio, o cortejo seguiu ao som de banda marcial que ele sempre admirou, por ruas de uma cidade a qual ele foi um dia seu gestor. Acompanhando a passagem, estava em uma das esquinas seu vice em outrora Deda de fuló, companheiro de uma campanha vitoriosa. - observou-o partir.
Seguiu sem volta, e o banco da praça já não reencontrará seu velho companheiro, nem os amigos compartilharão mais de suas histórias.
Daqui pra frente eles contarão naquele mesmo banco, a história do último comício de Narcizo Celestino de Lima, o tampa de crush.
Por Jessé Aciole.