A OPOSIÇÃO ENTRE O PT E O PSDB NAS ULTIMAS DÉCADAS.

O papel de oposição no campo político-partidário requer alguns requisitos fundamentais para exercer essa função imprescindível para uma nação democrática. Ser oposição está além de apontar falhas. O papel de oposição não deve se limitar aos aspectos ideológicos, mas sugestionar, bem como mostrar soluções para a gestão, mesmo em tempos de incertezas como estamos passando agora. Ainda que isso comporte divergências.
O Partido dos Trabalhadores soube ser oposição no passado, malgrado sua ideologia não impedisse que a gestão petista adentra-se no sistema corrompido que tanto criticaram. O PT carregava consigo a bandeira da ética, da honestidade, da moralidade e do respeito com a classe popular. Mesmo diante do radicalismo peculiar, Lula e o PT junto às esquerdas conseguiram amadurecer os discursos, ganhando credibilidade das massas, além dos blocos econômicos, à partir das crises vivenciadas pelas gestões tucanas. Era uma espécie de teoria sem prática que agradava pelas palavras e gestos, pelo sentimento utópico e ideário, mas também pelo histórico de luta contra a ditadura, pelo clamor dos movimentos sociais, e principalmente sem antecedentes com escândalos de corrupção. Lula foi um opositor habilidoso e disposto, conseguindo se manter como principal nome da oposição na país. Infelizmente, o Partido dos Trabalhadores inverteu a lógica de seus ideais tornando-se de partido honesto ao mais corrupto da história da República.
O PSDB, quando perdeu o poder indo para o lado contrário, passou muitos anos sem um discurso agregador, até surgir nos meios de comunicação, o Mensalão. E foi justamente os múltiplos escândalos da era petista que fomentaram a atuação da oposição. Ouso dizer que o Governo petistas ajuda a oposição com suas falhas.
Hoje, observo um oposição sem critérios objetivos de atuação. O PSDB dividido entre SP e MG. Aécio Neves surfou na onda de insatisfação geral contra o Governo petista e alcançou ousadamente 47% dos votos na campanha presidencial. Essa soma não é mérito exclusivamente do candidato, mas da falta de opção, além das circunstâncias que beneficiaram os tucanos. Após o pleito, o maior erro de Aécio foi pôr em xeque o resultado das urnas, tornando-se um exemplo de mal perdedor. Seu comportamento apenas corrobora minha opinião, no que diz respeito ao seu mandato parlamentar de Senador, o qual pouco tem contribuído naquela Casa Legislativa, e de forma omissiva tem se revelado um péssimo líder das oposições. Sem contar na sua ausência nos diversos movimentos pró-impeachment em que representaria uma simbologia oportuna. Lula em outrora, não perderia oportunidade como opositor.
(POR FILIPE LUCENA)