Os sete erros capitais do Náutico no Pernambucano Timbu sofreu com contusões, erros nas contratações e troca de técnicos e deu adeus ao Campeonato Pernambucano
Antes da bola rolar para o Campeonato Pernambucano, o Náutico surgia como favorito para a conquista do estadual. A competição teve inicio e com um futebol convincente, o Timbu venceu seus quatro primeiros jogos e, diferentemente dos rivais Sport e Santa Cruz, não tomou conhecimento dos clubes do interior. No entanto, no decorrer do torneio, o time caiu de rendimento, que culminou com a eliminação na semifinal para o Sport. Buscando entender o que deu errado na campanha do Timbu, o GLOBOESPORTE.COM/PE listou sete fatores que foram decisivos para o mau desempenho alvirrubro.
1 - Erros na política de contratação
O acesso para a Série A, conquistado no ano passado, colocou uma cortina de fumaça na qualidade do elenco. Após a conquista, diretoria e comissão técnica acreditavam que o grupo não precisaria de muitos ajustes para o Pernambucano, pois seria possível ser campeão com contratações pontuais. Dessa maneira, o então técnico Waldemar Lemos pediu a permanência de alguns atletas que participaram da Série B, como Glédson, Peter, Airton, Elton, Everton e Kieza, mas não foi atendido, pois a diretoria alegou que era necessário qualificar o elenco.
No entanto, os atletas pedidos por Waldemar também não chegaram e os problemas na formulação do grupo ficaram claros quando algumas lesões começaram a cruzar o caminho alvirrubro. Com apenas dois armadores, o Náutico sofreu para encontrar um substituto para o meio-campo Cascata, que rompeu os ligamentos do joelho e foi operado. Ramon, o reforço para a posição, só veio ganhar condição de jogo na fase final da competição. Outro que ficou fora da equipe por contusão foi o atacante Rogério, que também sofreu uma grave lesão no joelho. O Timbu também apostou em atletas que vinham de um longo período de inatividade, como o zagueiro Ronaldo Conceição, que não atuava em uma partida há praticamente um ano, além de Ramirez, Rodrigo Tiuí e Léo Santos.
2 - Jovens demais
A falta de opções no elenco obrigou ao técnico Waldemar Lemos a voltar suas atenções para as divisões de base do clube. A princípio, a política funcionou e nomes como Auremir e João Ananias conseguiram se destacar entre os titulares. Porém, quando a pressão por resultados surgiu, muitos não conseguiram render o esperado, como o zagueiro Gustavo e o atacante Jefferson Berger, que acabou sendo dispensado do Timbu ainda durante a competição.
3 - Ô 'sorte'...
No início do Pernambucano, o Náutico disfarçou a fragilidade do elenco, pois conseguiu formular um bom time. Veloz e bem montada, a equipe comandada por Waldemar Lemos apostava nas faltas cobradas pelo volante Souza, nos passes precisos do meio-campo Cascata e na velocidade de Rogério. Ainda no início da competição, no entanto, Cascata e Rogério romperam os ligamentos do joelho e ficaram de fora da competição. Como se não bastasse, Souza passou praticamente um mês fora de combate devido a uma lesão no tornozelo esquerdo. Ronaldo Alves, Gideão e Rodrigo Tiuí também foram frequentadores assíduos do Departamento Médico.
4 - Insistência indevida
Quando 2011 acabou, a permanência de Eduardo Ramos nos Aflitos foi colocada em dúvida. Muitos, incluindo Waldemar Lemos, não aprovavam a permanência do atleta. Os motivos para a rejeição eram os mesmos que faziam o meio-campo ser infernizado pela torcida: falta de comprometimento e fraco desempenho em campo. Porém, bancado por parte da diretoria, o jogador acabou ficando no clube após uma longa negociação. A continuidade de Eduardo Ramos impossibilitou a chegada de um novo atleta como foi solicitado pelo técnico.
5 - Troca-troca
Com o campeonato chegando ao fim, a queda de rendimento do Náutico era inegável. Sem alma, a equipe não conseguia reagir chegando a ficar sete jogos sem vencer. Do banco de reservas, Waldemar Lemos tentava, sem sucesso, mudar o esquema tático e algumas peças, mas nada parecia adiantar. Faltava material humano. Do lado de fora, a diretoria bancava a permanência do treinador, mas não conseguiu manter a posição até o final da competição.
Faltando uma rodada para o final da primeira fase, o presidente do clube, Paulo Wanderley anunciou a demissão do treinador, na última aposta para mudar a postura dos atletas. No entanto, os dirigentes não atinaram para o fato do grupo ser totalmente fiel a Waldemar Lemos.
6 - Muita declaração, pouca ação
A demissão de Waldemar Lemos, aliada a eliminação da Copa do Brasil, diante do Fortaleza fez estourar uma crise dentro do clube. Tentando explicar o péssimo momento, o vice-presidente Toninho Monteiro chegou a afirmar que a culpa da má fase era dos jogadores e que eles teriam que tirar o Náutico da situação em que se encontrava. Como se não bastasse, os dirigentes passaram a “ameaçar” os atletas com possíveis dispensas, mesmo sabendo que não poderiam contratar mais ninguém. A situação desagradou o grupo que, mesmo não rebatendo as críticas dos dirigentes, discordavam do que foi dito para imprensa.
7 - Demorou demais
Assim que anunciou a demissão de Waldemar Lemos, os dirigentes do Náutico tentaram apostar no nome do auxiliar-técnico, Levi Gomes, para comandar a equipe. Mesmo afirmando que ele permaneceria no clube apenas no Pernambucano, os diretores tentavam, sem sucesso, a contratação de um treinador com mais experiência. Nomes como os de Dunga, Ney Franco, Renato Gaúcho e Celso Roth passaram a ser especulados no Timbu, mas a definição não acontecia.
O novo treinador só foi contratado a três dias das semifinais do Pernambucano. Com pouquíssimo tempo para trabalhar, Alexandre Gallo investiu no emocional dos jogadores para tentar enfrentar o Sport de forma competitiva. A tática funcionou, o Timbu mostrou que tinha condições de vencer o rival, mas acabou sofrendo pela falta de elenco e alguns erros de arbitragem.
Por Elton de Castro
Recife