O Brasil tem 56,6 mil pessoas morando em tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número representa 35,3% dos 160 mil moradores de domicílios improvisados, 0,03% da população do país.
Domicílios improvisados são locais que os entrevistados apontaram como sendo sua moradia, mas que não foram projetados para tanto, como estruturas comerciais degradadas ou inacabadas, calçadas, viadutos, cavernas e outros abrigos naturais ou veículos;
Os 56,6 mil vivendo em barracas não equivalem ao total de pessoas em situação de rua do país. Isso porque aquelas que não têm nenhum tipo de domicílio — sequer improvisado — não entra na conta.
"Embora estes dados revelem uma precariedade muito grande em que vivem estas pessoas, nós não podemos dizer que elas são o quantitativo total de pessoas em situação de rua no país", explica Bruno Perez, analista do IBGE. "A operação de coleta de dados [dessas pessoas] é mais complicada do que o Censo, já que essa população muda constantemente de lugar quando não há uma estrutura de abrigo.
Número de pessoas em domicílios improvisados cai 43% aponta, diz IBGE
Segundo o IBGE, houve uma queda de 43% no número de pessoas vivendo em domicílios improvisados na comparação com 2010, quando eram 283 mil pessoas.
É impossível saber, porém, qual foi a queda em cada tipo de domicílio. Isso porque em 2022, o Censo usou mais categorias.
Segundo Perez, as mudanças metodológicas feitas pelo instituto e a redução da miséria no país, podem ter auxiliado na redução do percentual de domicílios improvisados.
1,8 mil pessoas moram em veículos
A pesquisa registrou ainda que 1.875 mil pessoas vivem em veículos como carros, caminhões, trailers e barcos. A maior concentração de pessoas nestas condições é no Amazonas, onde 327 pessoas vivem desta forma, seguido por São Paulo (260 pessoas) e Rio Grande do Sul (146).
O instituto também levantou quantas pessoas vivem em abrigos naturais (como cavernas, por exemplo) e outros tipos de estruturas improvisadas, somando um total de 27 mil brasileiros.
Veja outros dados divulgados do Censo:
O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) — foi a primeira vez na história em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.
Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.
Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.
O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto. Esse número equivale a 24% da população brasileira. Já a falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros.
Mais da metade dos 203 milhões de brasileiros — 54,8% — mora a até 150 km em linha reta do litoral.
Por Judite Cypreste, g1