Um pai político, exemplo de homem público!

 

ROMEU SIMPLÍCIO DA SILVA

Um homem público deve carregar consigo a responsabilidade de representar a sociedade, de ser capaz de administrar os problemas e cuidar dos anseios do seu povo, se tornando parte importante do seu meio, e com isso chegará ao mais alto cargo de sua carreira política, a liderança.

A cidade de Toritama já presenciou inúmeros episódios no âmbito político. Embates de adversários ferrenhos, disputas de grandes famílias, oradores natos, derrotas que aguçaram vitórias, e figuras emblemáticas, além de tantas outras particularidades que só é possível entender, vivenciando. Mas poucos marcaram tanto o seu tempo, como “o homem que nunca se vendeu”. Os episódios em que seu nome esteve presente, ajudaram a escrever um dos mais invejáveis currículos públicos na cidade, pelo seu caráter e valor.

A história pública de Romeu Simplício da Silva, têm início na década de 1980, assim como tantos outros políticos, de família humilde, foi mais um daqueles teimosos batalhadores que vêem na vida pública, uma saída para objetivar qualidade ao seu meio social. E foi enfrentando a vontade da esposa, Dona Evangelina Beatriz da Silva, com a qual já estava enlaçado desde 1961, e quebrando a lógica que só os influentes podem se debruçar do poder, que ele provou que era possível conquistar e realizar sonhos. Coincidentemente, sua história foi marcada pelo selo de honestidade, querendo o destino, que sua entrada no poder público, fosse através da improbidade administrativa de metade da Câmara de Vereadores à época, que está marcada pelo famoso episódio das “duas câmaras” durante o mandato de Narciso Lima, onde a realização de reuniões paralelas, que dividiam os parlamentares, acarretaram a perda dos mandatos de vários legisladores, e que abriu a brecha para o suplente Romeu, que dali, só sairia por vontade própria, quase 20 anos depois.

“Quando olho para trás e vejo o filme da história política de papai, contada hoje por mamãe e por meus irmãos, e tudo aquilo que vivemos, só consigo enxergar o quanto tudo isso me inspirou a cuidar das pessoas como ele fez, a ajudar quem mais precisa, e mais especialmente este momento da política, quando ele entrou também foi difícil, mas ele jamais desistiu de lutar pelo seu povo, assim como eu pretendo fazer”. - Gerluce Evangelina, filha e pré-candidata à Prefeita de Toritama.


“Sempre ajudou os outros. Preferia ajudar o povo ao guardar para os de casa. Nunca se preocupou com vantagem política ou com dinheiro de um ou de outro, mesmo passando por dificuldades, preferia seguir sem nada, dizia até que não gostava de dinheiro, só para mostrar que não valia a pena se trocar por nada para sujar o nome. Sempre ensinou isso aos meninos. Para ele, honestidade era tudo”. - Evangelina Beatriz, esposa.


Jamais fugiu de suas obrigações, ou deixou de pedir pelos seus. Tanto que, apesar de ser um orador grosseiro nas palavras, falava o pouco que os eleitores gostariam de ouvir, talvez possa ser definido como, o pouco que fazia muitos compreenderem. Era um político raiz, pé no chão, e nunca se envaideceu pelo cargo que ocupava, nem tampouco estava preocupado com quantidade, quando sua qualidade já lhe bastava. Foi influenciado talvez, - aí só ele poderia responder -, pelo amigo sempre muito presente, Nelson Caetano da Silva, que fora prefeito antes mesmo de ver o parceiro de tantas conquistas, assumir uma das cadeiras do legislativo. 

Uma das marcas desta época, é a lembrança de ter se mantido praticamente sozinho na oposição, apoiando o nome de Celso Marques de Andrade, que havia perdido cinco anos antes a disputa para Valter Gonçalves de Souza, de quem foi oposicionista todo o tempo. E quando todos os vereadores de mandato há época, se debandaram para apoiar a chapa, Dorival Pereira e João Bertulino, ele foi o único da Casa Legislativa, a rejeitar a proposta, e se manter leal ao nome de Celso, o qual após eleito, viu seu aliado migrar para a oposição, por entender que a essência que o fez ser leal no período eleitoral, já não era mais válida agora. Esse momento ficou marcado com a frase que o diferenciou na sua trajetória como homem público, dita e escrita à mão, por seu compadre José Aciole Batista, na parede da calçada do próprio.

“Romeu, o único que nunca se vendeu”

“Foi para mim, o maior político da história de Toritama. Compadre Romeu era um homem de verdade... E muitos dos políticos de hoje, jamais chegarão aos pés de compadre Romeu... Aquele ali era único”.  – Amigo e Compadre, José Aciole (In Memória)

Na Casa Legislativa, como qualquer outro parlamentar, almejou a presidência da câmara, momento que ficou marcado por um episódio polêmico, conhecido pelo “jarro de flores”, que encobriu as cédulas de uma eleição para a mesa diretora. Naquele momento a oposição contava com maioria dos vereadores, e a favor de seu nome, mas de alguma forma o candidato da situação conseguiu vencer. Esse é daqueles momentos intrigantes da política, mas que só mostram o caráter de uns, e de forma alguma, mancha a bonita história de quem fez por merecer ao longo do tempo, o respeito dos aliados, e também dos adversários.    

 “Apesar de ter sido opositor ao meu mandato, foi um adversário de alto nível, estando sempre preocupado com o município, e jamais interessado em benefício próprio. Posso dizer que foi o que mais me ajudou durante minha gestão, mesmo sendo de oposição. Era um político de verdade”. – Valter Souza, ex-Prefeito de Toritama.

Após quase duas décadas sendo reconduzido à uma das cadeiras do legislativo, chegou o momento de sair da disputa por motivos de saúde, e até da maneira mais honrosa que um político deve suceder. Entendendo que era chegado o momento de parar, e virar mais uma de muitas páginas do livro que ele escreveu na sua bonita jornada, exatamente na virada do século, quando resolveu fazer um sucessor, sendo o nome de um filho para a disputa, e ajudou de maneira singular, José Simplício Neto a chegar onde por muitas vezes ele chegou.

Neste momento nostálgico em que da eternidade ele assiste os seus entrarem na política, ainda em vida pôde assistir seu filho Zé Neto assumir a Presidência da Casa, que mudaria de lugar pouco tempo depois, dando mais qualidade ao ambiente, e recebendo de vez a marca histórica de seu nome, estampado no plenário, para que ninguém jamais esqueça, quem sempre honrou a Casa, o cargo e o povo.



O seu temperamento teimoso do início, a sua personalidade forte, o seu jeito humilde e honrado, a sua honestidade por essência, fizeram uma cartilha de exemplo para os seus filhos, tornando-o um líder político influente como pai, e um pai para que muitos políticos pudessem aprender com ele. E é nesta escola de ensino da vida pública, que ele assim como um bom pai, está inspirando uma das mulheres entre os muitos homens de sua casa, a seguir caminhos assim como os seus. Crendo que assim como no passado de quebrar paradigmas, hoje foi a vez de sua filha Gerluce Evangelina ou Gerluce Enfermeira, colocar sua cartilha debaixo do braço, e apresentar ideias para a disputa ao cargo de prefeita no município. Trilhando sem dúvidas, o caminho dos bons líderes assim como o foi seu pai, e se espelhando em tudo aquilo que foi supracitado, para que o povo entenda, que nas suas artérias de enfermeira, corre o sangue de um verdadeiro político, e exemplo de homem público. E se tudo isso for de fato hereditário, podemos esperar nela, a verdadeira essência de um grande político.

“Posso ser voto vencido, mas estarei tranquilo de ter votado naquilo que entendo por correto”. – Romeu Simplício da Silva

 

Por Jessé Aciole