LÍDER DO PT PEDE QUE PGR INVESTIGUE PADILHA POR QUERER BARRAR A LAVA JATO.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), anunciou, nesta segunda-feira (12), que vai entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o órgão investigue o comportamento do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e da nova chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Mendonça, diante de denúncias de que agiram para abafar a Operação Lava-Jato.
As revelações de que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) quer encobrir malfeitos de seus integrantes foram dadas à imprensa no fim de semana pelo antecessor de Grace na pasta, Fabio Medina Osório. O ex-AGU de Temer foi demitido na própria sexta-feira porque, segundo ele, quis aprofundar as investigações da operação, dentro do Executivo, e ampliar o papel do órgão na reparação dos danos provocados ao erário.
"Tenho certeza que o procurador-geral, Rodrigo Janot, vai pedir a apuração do caso, pois agiu de forma semelhante quando houve acusação contra membros do PT. Agora, estamos vendo uma pessoa ilibada do primeiro time de ministros de Temer afirmar, categoricamente, que o governo quer proteger investigados na Lava-Jato", afirmou Humberto.
O líder do PT espera que o Ministério Público peça a abertura de inquérito para aprofundar as investigações dos dois ministros e lembra que se trata da quarta demissão de um ministro em menos de quatro meses de governo, todos relacionados à Lava-Jato.
Da tribuna, Humberto também anunciou que a bancada do PT no Senado vai apresentar, na Casa, requerimentos de convocação do ministro Eliseu Padilha e da nova ministra da AGU, Grace Mendonça, classificada pelo seu antecessor como "a assessora que não consegue encontrar um HD". O senador também apresentará requerimento de convite para que o ex-ministro da AGU Fabio Medina Osório explique as denúncias.
O líder do PT avalia que as declarações dadas por Osório trazem à luz um escândalo de proporções graves que deve ser esclarecido no Senado pelos agentes envolvidos.
"Nós queremos que o ex-advogado-geral da União venha reiterar aqui o que disse à imprensa. E o ministro Eliseu Padilha, que está na cozinha do presidente, que é uma espécie de alter ego seu, precisa explicar porque exonerou um colega que, segundo o próprio demitido atesta, estava fazendo a coisa certa", explicou.
Para o senador, a nova ministra, criticada por Osório por ter feito corpo mole no acesso aos inquéritos dos investigados, vai ter que dizer se foi presenteada com um cargo novo para deletar da pauta do governo qualquer investigação referente a Lava-Jato.
"Vejam vocês: o ex-advogado-geral da União acusa a sua sucessora de ter sentado sobre o dossiê referente aos inquéritos que a AGU precisava ter em cópia, com a justificativa de que não conseguia encontrar um HD externo para copiar os arquivos. Agora, ela foi agraciada com a chefia da pasta", ressaltou.
De acordo com o parlamentar, trata-se de um escárnio, um menoscabo com a inteligência alheia, uma história calhorda que precisa ser explicada detalhadamente. "Esses fatos precisam ser imediatamente explicados e todos os envolvidos com prevaricação, punidos. Eles são extremamente graves e eu espero, sinceramente, que o Ministério Público e a Polícia Federal abram os procedimentos cabíveis para a apuração rigorosa desse episódio", declarou.
"Se havia alguma dúvida de que esse governo golpista tinha a função de salvar os investigados, agora não resta mais nenhuma. Essa confirmação foi dada diretamente por quem devia se ocupar, dentro do governo, dessas investigações e acabou demitido em razão de ter tentado dar sequência a esse trabalho", observou.
Do Brasil 247.