Terremoto no PMDB.

A Lava Jato mirou em quatro e acertou um: o PMDB. Com os pedidos de prisão revelados nesta terça (7), a operação fechou o cerco sobre o partido de Michel Temer. A ofensiva agrava o clima de instabilidade política e lança novas dúvidas sobre o futuro do governo interino.
A Procuradoria requereu a prisão preventiva dos peemedebistas mais poderosos do Congresso: o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente em exercício do partido, Romero Jucá. Completa o quarteto o ex-presidente José Sarney, que ainda influencia acordos e votações.
O terremoto só não produziu mais estragos porque o Supremo ainda não decidiu sobre as prisões. É de se esperar que a corte não demore os mesmos 141 dias que levou até julgar o afastamento do correntista suíço.
Renan, Jucá e Sarney entraram na mira por causa das gravações de Sérgio Machado. Para o Ministério Público, os áudios atestam que eles agiram para melar a Lava Jato. Os procuradores afirmam ter outras provas da tentativa de obstruir a Justiça, que é negada pelos investigados.
Cunha é acusado de desrespeitar a decisão que o afastou da presidência da Câmara. O noticiário desta terça mostrou que ele continua a dar ordens no Conselho de Ética, onde é julgado por quebra de decoro.
Aliados de Temer tentam atenuar os danos do terremoto ao interino. Eles alegam que os pedidos de prisão transferiram o foco da crise do Planalto para o Congresso. É uma análise incompleta, porque o tremor pode derrubar pilares que sustentam a maioria parlamentar do governo.
O PT também não tem razões para comemorar a desgraça do PMDB. Como a iminência de novas delações, os dois partidos podem estar apenas se revezando na mira da Lava Jato.
"O Brasil conhece a minha trajetória, o meu cuidado no trato da coisa pública, a minha verdadeira devoção à Justiça". Palavras de José Sarney.