Assaltantes jogam pedras nos veículos, nas imediações das lombadas eletrônicas da BR 232.

“Quando peguei meu filho no braço, seu rosto todo ensanguentado, sai no desespero à procura do hospital”. O trecho é parte do depoimento feito no final da manhã de hoje (12/6) por Paula Pereira da Silva, 26, dois dias após ela regressar para o Recife. Na sexta-feira à noite, seu veículo, uma Hilux, foi atingido por uma pedra nas imediações da passarela do bairro Água Azul, em Pombos, na Zona da Mata, a 57 quilômetros do Recife. O incidente, relatado no Facebook, causava preocupações e provocava revolta. Às 15h de hoje, tinha 11.430 compartilhamentos e 1.350 comentários.
O caso terminou sem problemas mais graves para a criança, um menino de apenas um ano e meio, e com a prisão em flagrante de João Francisco da Silva, reconhecido como autor do arremesso da pedra. Mas, o perigo persiste para os passageiros e motoristas que trafegam diariamente nos 553 quilômetros da BR 232, cerca de 30 mil. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), esse total sobe para 45 mil em feriados prolongados e os ataques ocorrem mais à noite.
A PRF informa que o arremesso de pedras é uma das estratégias utilizadas por assaltantes para obrigar os motoristas a pararem o carro. Isso ocorre com frequência em locais com lombadas eletrônicas, como as que existem na área da passarela de Pombos. “Não há compartilhamento de informações”, disse o inspetor Rômulo, da PRF, revelando a falta de articulação no enfrentamento dos casos.
Cada incidente, de acordo com Rômulo, tem ações episódicas da própria PRF, da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e da Polícia Civil. O próprio inspetor da PRF admite haver subnotificação e recomenda que sempre seja feito o registro da ocorrência pelo telefone 191 ou no posto mais próximo da PRF. Motoristas que precisam utilizar a rodovia também são orientados a viajar durante o dia e informar familiares e amigos do horário de saída e previsão de chegada.
O incidente vivido pela família de Paula Pereira da Silva seria atípico por não estar vinculado a uma tentativa de assalto. Mas, nem por isso, foi único ou menos grave. Mais de dois veículos foram atingidos na mesma noite, mas apenas duas queixas estavam registradas na PRF. A outra foi de um motorista de caminhão Ford Cargo, com detalhes não informados.
Segundo relatou o sargento Pinheiro e o PM Queiroz, do 21º Batalhão, responsável pelo policiamento ostensivo em Pombos e municípios circunvizinhos, que efetuaram a captura do suspeito, João Francisco da Silva costuma jogar pedras em veículos, inclusive tendo atingido uma ambulância e uma viatura da Casa Militar dia antes. Há, inclusive, relatos de que, anteriormente, ele já teria sido preso e encaminhado para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), mas acabou sendo liberado. Agora, ele foi encaminhado para o Cotel.
Paula Pereira viajava para o Recife no banco de trás, ao lado do filho, de um ano e meio, enquanto seu esposo, o comerciante Ivanildo Severino de Lima Júnior, 32, dirigia a Hilux. A prisão de João Francisco da Silva só ocorreu porque Ivanildo ligou para a Polícia e registrou queixa.
Confirmando relatos feitos na Internet, Paula Pereira ouviu que João Francisco da Silva sofre de problemas mentais e cobra uma solução definitiva para o risco que ele representa. “Um pessoa assim deve permanecer interno e não fazendo o mal ao próximo, porque não é o primeiro caso. Ele é acostumado fazer isso”, disse Paula. Ela questionou, ainda, o fato de terem sido apreendidos na casa do suspeito uma arma de fogo caseira e munição restrita calibre .40. “Pra isso, ele não tem distúrbios?”.