Com mudanças nas regras eleitorais, segundos valem "ouro" no guia de Rádio e TV.

Com as mudanças acarretadas pela minirreforma eleitoral, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), terá uma preocupação a mais na costura das alianças: o tempo de rádio e televisão. A nova legislação reduziu a duração da propaganda a um terço, caindo de 30 minutos para 10 minutos.
Agora, mais do que nunca, cada segundo será precioso para os candidatos apresentarem o programa de governo. Com base em dados levantados pelo analista político do Instituto Maurício de Nassau Maurício Romão, o JC simulou os cenários reservados a cada partido no programa eleitoral. Os números apontam que o socialista tem que se esforçar para manter na base os partidos que o elegeram para que o guia eleitoral não saia duramente prejudicado.
Se a Frente Popular de 2012 se repetisse com seus 14 partidos aliados, o prefeito teria ampla vantagem frente aos adversários. Com o grupo unido, a propaganda do prefeito teria 3 minutos e 46 segundos, quase 40% de todo o programa eleitoral. No entanto, o cenário mudou nos últimos quatro anos e algumas legendas abandonaram o barco socialista, como o PTB, o PRB e o PTN.
Com base nas costuras firmadas até o momento, o prefeito formaria uma coalizão, por ora, com dez partidos, o que lhe garante 3 minutos e 21 segundos do guia. Em meio aos rumores de mudança no nome do vice e a eventual saída de Luciano Siqueira, do PCdoB, da chapa à reeleição, o partido também pode deixar a coligação. Se isso acontecer, os comunistas levam embora 10 segundos.
Além dos partidos que já o apoiaram em 2012, Geraldo Julio tem feito manobras parar atrair o PSDB e o DEM. A jogada, além de tirar dois candidatos competitivos da disputa, garantiria a ele mais 1 minuto e 18 segundos na TV, sendo 56 segundos do PSDB e 22 segundos do DEM.
Apesar de o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) não esconder a pretensão de se lançar na disputa e do diretório municipal estimular sua pré-candidatura, o PSB fecha o cerco ao ninho tucano. O PSDB tem uma ala menor de "geraldistas", a maioria prega candidato próprio. Desde o ano passado, Geraldo faz gestos para o partido, como o convite para a vereadora Aline Mariano, que era líder da oposição na Câmara, integrar a gestão socialista.
Outra costura que está sendo feita nos bastidores é a tentativa de atrair o DEM e minar a candidatura da deputada estadual Priscila Krause, que vem se colocando como pré-candidata à prefeitura. Se conseguir fechar o cerco aos partidos, Geraldo terá quase 50% do guia e ficará com 4 minutos e 39 segundos.
Segundo o analista político Maurício Romão, o prefeito Geraldo Julio tem condições de agregar mais partidos por estar no poder. "Isso sugere certo nível de conforto e, além disso, eles (o PSB) são contra o governo federal o que, hoje em dia, é ponto positivo", avalia. "Acho que ele terá tempo muito bom, exceto se o PSDB lançar candidato", acrescenta.
A simulação foi feita com base nas determinações da Lei Geral das Eleições (9.504/97), onde os tempos são arbitrados de acordo com o tamanho da bancada federal de cada partido, além de um tempo igualitário que é ofertado pela Justiça Eleitoral a todas as legendas.
"O que podemos afirmar agora é que os segundos são muito preciosos, porque não são mais os 30 minutos de bloco. São somente 10 minutos", afirma o consultor. Romão observa ainda que o tempo repartido entre os candidatos é mínimo. Num cenário hipotético com oito candidatos à prefeitura, como em 2012, cada postulante ganharia 7,5 segundos.