Para PSB, governo do PT jogou Brasil em crise política

A postura oficial do PSB é de independência à gestão da presidência Dilma Rousseff (PT), sem pender para o lado governista ou oposicionista, mas nos discursos de suas principais lideranças fica claro que a legenda está muito próxima da oposição. Em evento realizado ontem no Recife, cujo pano de fundo era a discussão do desenvolvimento regional e de um novo pacto federativo, socialistas locais e nacionais não economizaram nas críticas à administração petista. Em diversos discursos, eles ressaltaram que o Brasil vive uma crise política e não apenas econômica.
Em um tom mais crítico do que de costume, o governador Paulo Câmara (PSB) mostrou descontentamento com o governo federal. “O Brasil vem de anos muito difícieis, com uma administração que a gente questiona muito e que fez em 2014 o Brasil parar. Essa mesma administração está caminhando para a gente ter um PIB próximo de ser negativo em 2015”, disse, ressaltando que a questão do desemprego é um dos principais problemas do País atualmente.
O desemprego também foi o gancho das críticas do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). O gestor afirmou que o partido precisa ter uma posição de “independência propositiva e oposição” ao governo federal. “O Brasil perdeu 94 mil postos de trabalho em abril e 115 mil em maio. Fui ver a série histórica e jamais havia acontecido do País ter resultados negativos nessa dimensão”, destacou.
As lideranças nacionais do PSB foram ainda mais duras na avaliação do governo federal. “Estamos vivendo crises profundas que, infelizmente, foram provocadas por ação nefasta de quem governa”, destacou o secretário-geral do partido, Renato Casagrande, em um resumo do que foram as declarações de outros socialistas como Carlos Siqueira (presidente nacional da legenda) e Beto Albuquerque (um dos vice-presidentes nacionais).
As críticas partiram também de ex-petistas, como a senadora Marta Suplicy e o ex-deputado federal Maurício Rands. “O problema é, unicamente, neste momento de crise, político. Temos um governo com apenas 9% de apoio (de acordo com pesquisa CNI/Ibope), sem credibilidade”, disse Marta. Já Rands declarou que o tempo do PT havia passado nacionalmente e em Pernambuco.
Convidada para proferir uma palestra no encontro do PSB, a economista Tânia Bacelar reforçou a tese socialista de que o problema não vive apenas uma crise econômica, mas se mostrou mais otimista que os políticos. “O Brasil não está tão ruim quanto a gente está apregoando. Tem uma certa ampliação da crise econômica. As outras crises ampliam a crise econômica. A gente está ruim, mas o Brasil tem como sair dessa crise. Já saímos de crise pior”, falou.
FILIAÇÃO - Também presente ao encontro, o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), afirmou que Marta Suplicy irá se filiar ao partido no dia 15 de agosto. A senadora também está sendo cortejada pelo PMDB, mas os socialistas a querem na legenda para disputar a prefeitura paulista em 2015. “A Marta é famosa, já tem experiência na prefeitura. Além de ganhar uma senadora, seremos competitivos”, apontou.
Márcio França é dos principais defensores da fusão entre o PSB e o PPS e ontem reforçou que irá trabalhar para isso ocorrer no futuro. Ele também comentou a possibilidade do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) ser o candidato à presidência da República no lugar do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) em 2018. “Quem é governador de Sãoo Paulo pela quarta vez vai ser naturalmente um nome a ser lembrado. Nesse momento de crise e instabilidade, as pessoas vão em busca de um uma pessoa mais estável. Ele é a cara da estabilidade, quase sem grandes surpresas”, disse.
do Jc Online.