Aniversariante, Zé Roberto agradece genética: 'Não imaginava jogar aos 38' Meia faz balanço da carreira, fala em conquistar títulos inéditos com a camisa do Grêmio e lamenta má fase da seleção brasileira
Por Hector Werlang
Porto Alegre
Zé Roberto é profissional ao extremo: está obcecado em ajudar o Grêmio a quebrar o jejum de títulos e só pensa em alternativas para diminuir o tempo de readaptação ao futebol brasileiro. Isso tudo fez com que o jogador quase esquecesse uma data importante: a do próprio aniversário. Ao completar 38 anos nesta sexta-feira, o meia contratado para conduzir o time gaúcho no Brasileirão se surpreende com a forma técnica e física. E não cansa de agradecer à genética por ter condições de receber a confiança de uma nação carente de ídolos.
- Não imaginava jogar aos 38. Tive um início de carreira difícil, mas me superei. Cheguei muito longe. Só grato às oportunidades recebidas e à minha genética. Pessoal me chama de gato ao contrário (referência à expressão usada para adulteração de idade no futebol), mas não tem nada disso não. Sou assim mesmo. Agora, se você (repórter) não lembra, iria passar batido – disse o camisa 10 aos risos.
A entrevista ao GLOBOESPORTE.COM foi feita na véspera da comemoração. A família (esposa e dois filhos) está em São Paulo. O "Parabéns a Você", então, ficará a cargo dos colegas de trabalho.
- Pior que estou acostumado a não ter grande festa. Passei os últimos 12 anos fora do Brasil, sempre trabalhando. Sou quieto, na minha, nem gosto muito de falar disso. Vamos ver o que o pessoal vai aprontar.
Campeão espanhol, alemão, do Catar, bi da Copa América e da Copa das Confederações e com duas Copas do Mundo no currículo. Com personalidade forte e ao mesmo tempo discreta, Zé Roberto virou referência no Olímpico. Em menos de um mês.
- Vim para o Grêmio, pois é um clube grande. Passa por um jejum (11 anos desde a Copa do Brasil de 2001), mas dará um salto com o novo estádio e o centro de treinamento. Ficará entre os três clubes com melhor estrutura. Títulos? Trabalhamos para isso. Os jogadores estão cientes que precisam mudar a postura, ter ambição e não aceitar qualquer adversidade.
Foi assim que saiu do Palestra de São Bernardo, time do interior de São Paulo, estado natal, e ganhou o mundo. Portuguesa, Real Madrid, Bayer Leverkussen, Bayern de Munique, Santos e Seleção sempre tiveram o mesmo jogador - passou pelo Flamengo, mas sem o mesmo brilho. Físico magro e forte. Como o de um maratonista. E técnica apurada. Como dos grandes craques. É com este currículo que arrisca até lamentar a atual fase do Brasil.
- Vivemos uma fase de reformulação. Na minha época, tínhamos o luxo de montar até três times. Hoje... (pausa) temos dificuldade em fazer um. Há pouco temo para buscar e ter uma forma de jogar. Tomara que o desempenho nos Jogos Olímpicos seja bom para termos uma base no Mundial.
Neymar é a principal figura dessa geração. E comanda o próximo rival do Grêmio de Zé Roberto – Santos, domingo, na Vila Belmiro. Um encontro que promete.