Nos novos tempos do futebol, o “amor à camisa” quase sempre é esquecido pelo poder das cifras. Casos como o de Ronaldinho Gaúcho, que em 2011 trocou uma proposta do Grêmio, seu “clube do coração” pelo Flamengo, são cada vez mais comuns. Em Pernambuco, porém, um jogador provou que o lado “romântico” do esporte mais popular do Brasil ainda não morreu completamente. O meio-campo Ramirez e o Náutico chegaram até a se separar por um período, mas como toda boa história, terminou com um final feliz.
Ramirez chegou aos Aflitos em 2010, cedido pelo Vitória-BA por empréstimo. No Campeonato Pernambucano e na Série B daquele ano foi um dos melhores jogadores do Timbu, cativando a torcida com boas atuações. Rápido em campo, o volante desarmava com eficiência e saia com velocidade para o jogo. Com o término do empréstimo, o atleta despertou o interesse do Sport, maior rival do clube alvirrubro. Mas Ramirez não traiu as cores que o abraçaram e disse que só voltaria para o Recife para jogar no Náutico.
- Em 2010, o Sport chegou a anunciar minha contratação, mas não tinha porque eu ir para lá. Se fosse para voltar, queria vir para o clube que me abriu as portas aqui. O Vitória queria me mandar para lá, mas não cheguei a acertar em nenhum momento com o Sport.
Sem querer mais jogar pelo Vitória-BA, alegando desprezo do antigo clube em relação a ele, Ramirez descobriu uma lesão grave. Havia rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito. O jogador teve total apoio do Náutico, que mesmo sem vínculo arcou com os custos da cirurgia e de todo o tratamento do atleta. No final do ano passado, o contrato com o rubro-negro baiano chegou ao fim. O Leão entrou na Justiça do Trabalho pedindo a renovação automática pelo tempo que Ramirez passou lesionado. Após um longo entrave judicial o atleta conseguiu uma liminar que o permitiu assinar com o Timbu até o final de 2013.
- Agradeço ao carinho que recebi de todo mundo aqui no Náutico. Fiz um acordo com o presidente, que na época era o Berillo (Júnior) e acertamos que eu iria receber um salário reduzido, para me manter aqui no Recife. Em troca, dei minha palavra de que viria para o Náutico. Agora está tudo certo. Só tenho a agradecer a Deus por existirem pessoas desse tipo, que me ajudaram a retornar.
No primeiro dia de treinos no alvirrubro, ouvia-se da arquibancada: “O Guerreiro voltou!”, “Vamos lá, Ramirez!” gritos de incentivo totalmente distintos dos “Canalha!”, “Mercenário!”, que ressoaram no estádio Olímpico quando Ronaldinho reencontrou o Grêmio pelo segundo turno do Brasileirão, no ano passado.
Fonte: Globo Nordeste.
