Magrão: 'Entre o hexa e o acesso, subir de divisão foi melhor' Goleiro do Sport comemorou o acesso como a conquista de um título e revelou que deve se aposentar daqui a três anos


Prestes a iniciar a sua sétima temporada vestindo a camisa do Sport, o goleiro Magrão não sabe o que é passar um ano sem conquistas no futebol desde que desembarcou na Ilha do Retiro, em 2005. Logo no ano seguinte, foi campeão pernambucano e conquistou o acesso à Série A.
No período de 2007 a 2010, vieram mais quatro títulos estaduais e o troféu da Copa do Brasil, em 2008. Com a perda do hexacampeonato e a eliminação ainda na 1ª fase da Copa do Brasil, o "paredão da Ilha" quase passou este ano em branco. Mas as suas defesas milagrosas diante do Vila Nova, junto ao gol de Bruno Mineiro no segundo tempo, sacramentaram à volta do Leão à elite do futebol nacional.
- De 2006 até o ano passado, a torcida sempre teve algo a comemorar. Então, quando chegou 2011, teve uma expectativa muito grande de conquistar o hexacampeonato, mas fizemos uma campanha muito irregular na competição e tivemos até dificuldades de classificar entre os quatro. Quando começou o Campeonato Brasileiro, continuamos na mesma sequência de não manter a regularidade. Tivemos muitos altos e baixos e, por isso, sofremos muito e a torcida ficou chateada até porque viu os rivais comemorando as conquistas deles. Tudo estava levando para ser um ano de desastre, mas acreditamos e conseguimos e mudar a história do ano para o Sport, pois terminamos dando uma alegria, uma conquista à torcida. Foi um ano complicado para o Sport, mas conseguimos o acesso - afirmou o capitão rubro-negro.

A quarta e última vaga na Série A foi comemorada por Magrão e seus companheiros de clube como um título.
A campanha irregular, cheia de altos e baixos, fez com que o acesso fosse confirmado apenas na última rodada da competição, com uma vitória por 1a 0 sobre o Vila, fora de casa (vídeo ao lado), e salvou um ano conturbado para o Leão, sendo por isso uma conquista bastante valorizada pela torcida, pelos jogadores e pelo clube.
- Eu estava comentando com Tobi, Gabriel e Montoya (zagueiros do Sport) que a comemoração do quarto colocado é como se fosse um título porque o segundo e o terceiro mantém uma regularidade muito grande. Já o time que está brigando pelo quarto lugar não conseguiu se afirmar. Então quando a gente consegue o objetivo, a satisfação é de título. Por isso, nós jogadores e os torcedores comemoramos como se tivéssemos sido campeões. Se nós

tivéssemos ganhado o hexa e nao tivéssemos subido, o torcedor iria ficar muito frustrado. Lógico que queríamos tudo e o torcedor também, mas, entre o hexa e o acesso, subir de divisão foi melhor - garantiu Alessandro Beti Rosa, batizado pelo porte físico como Magrão.
Mas a vitória rubro-negra e, consequentemente, o acesso à Série A não seria possível se não fossem os pés de Magrão. Ou mais precisamente a unha do dedão esquerdo do goleiro.
Em tom de brincadeira, o arqueiro diz que foi a unha que impediu o gol do Vila Nova aos 40 minutos do primeiro tempo, quando conseguiu defender a bola em cima da linha.
- O lateral do Vila (Victor Ferraz) veio pela diagonal e cruzou para dentro da área. Veio o atacante do Vila (Leandro Cearense), que chutou de primeira. A bola veio rasteira e eu me abaixei para pegar, mas ela passou no meu joelho e enroscou no mue pé esquerdo. Quando olhei a bola, ela estava certinha no meio da linha. Olhei para o bandeirinha e fiz sinal que a bola não tinha entrado. De noite, falei com o Germano (volante do Sport) e ele me disse que a bola não entrou por causa da minha unha, que estava grande. E eu realmente não a tinha cortado antes do jogo. A unha estava grande e a bola não entrou - brincou o arqueiro.


Invasão da torcida lá e cá
Além da "unha salvadora", outro fator foi fundamental para a vitória leonina no último sábado: a torcida. Para Magrão, dificilmente o Sport teria conseguido vencer o Vila Nova e conquistado a vaga na Primeira Divisão sem o apoio dos milhares de torcedores rubro-negros que foram ao Serra Dourada.
- Foi uma invasão impressionante. Os torcedores estão de parabéns, pois tomaram conta do Serra Dourada e nos deram uma força muito grande. Seria diferente se o torcedor não estivesse lá, então o apoio foi fundamental. O grande trunfo da nossa equipe era o toque de bola rápido, mas com aquele campo não tinha como. Deu medo sim e um pouco de receio, mas sabia que, alguma hora, o gol iria contecer, nem que fosse aos 45 minutos do segundo tempo. Foi sofrido, mas conseguimos o acesso - frisou o goleiro.


Como ídolo da torcida, Magrão já se acostumou ao calor e carinho dos torcedores rubro-negros. Mas a recepção ocorrida no último domingo, quando a delegação do Sport voltou ao Recife com a vaga conquistada impressionou o goleiro.
- Na Libertadores e na Copa do Brasil, a gente viu os torcedores, mas não foi igual como no domingo no aeroporto e na carreata. Eu nunca imaginei que fosse ter tanta gente. Sabia que ia ter torcedor, mas a quantidade impressionou. Eram milhares de torcedores, chorando, gritando, comemorando. Isso mexeu muito comigo, me marcou e vai ficar guardado. Vou até sugerir para a direção do Sport mostrar o vídeo dessa comemoração da torcida aos jogadores novos que chegarem para saber onde estão pisando e que, por trás da camisa do Sport, há uma nação apaixonada e a responsabilidade que significa vestir essa camisa - sugeriu o arqueiro.


Por falar nesses jogadores que devem desembarcar na Ilha do Retiro para a próxima temporada, Magrão defende a montagem de um time competitivo já no Pernambucano para chegar na Série A entrosado e com chances de conquistar uma vaga numa competição internacional.
- Como o Sport subiu, a facilidade de contratar vai ser melhor. Agora os jogadores vão querer vir para o Sport. Temos que formar um bom elenco no próximo ano, fazer um time forte já para o Pernambucano e tenho a certeza que a diretoria vai se esforçar para trazer jogadores de qualidade para começar bem o ano e dar sequência no Brasileiro, já que é um campeonato forte. Temos que começar e terminar bem o ano e conquistar grandes coisas, não podemos entrar só para disputar o campeonato, pois o Sport é time grande - ressaltou o goleiro.
Futuro do paredão


Com contrato no Sport até 31 de dezembro de 2012, Magrão admite já estar pensando na aposentadoria. Mas o goleiro, que tem 34 anos, ainda não definiu uma data para aposentar as luvas.
- Eu penso em me aposentar daqui a três anos. Mas minha esposa quer que eu fique mais. E depois não sei o que vou fazer. Tenho moradia em São Paulo e no Recife. Lá tem a nossa família, mas nossas amizades fizemos todas aqui. E, se eu for continuar trabalhando no futebol, seria como treinador de goleiro, mas isso ainda não é uma coisa certa - disse o arqueiro.
Mas, no que depender da pressão exercida pela esposa de Magrão, ele certamente vai ter que rever seus planos de largar o futebol daqui a três temporadas.
- Eu queria que ele continuasse até os 38. Ele não tem problemas, não tem gordura localizada, se cuida, então eu acredito que ele rende mais quatro anos. Você vê o Rogério Ceni e o Marcos, então por que não? - questionou Marilu, a esposa do goleiro rubro-negro.
Enquanto ainda não se chega a um consenso sobre qual a melhor idade para Magrão se aposentar, uma coisa já está definida pela família Beti Rosa: o destino nestas férias.
- Viajamos para São Paulo no próximo domingo. Sempre que eu vou para lá é bom porque saio de um ambiente de falar de futebol. Lá sou anônimo, então posso ir no cinema, no shopping, na Rua 25 de Março. Mesmo assim, às vezes aparece algum torcedor do Sport, que está espalhado em todos os cantos - finalizou o camisa número 1 do Leão.